I'll post here all the book related content that I usually share on my blog, be it comments, reviews, quotes or whatever else.
Este conto deixou-me de certa forma com opiniões contraditórias. Por um lado, o começo é estranho, com uma escrita pesada, um texto que dá a sensação de ter sido demasiado planeado, palavra a palavra, tudo adjectivado e comparado à exaustão, com recurso a um linguajar atípico que nos faz quase contar palavras em vez de ler e se torna um entrave à entrada na história. Admito que se reconhece no narrador a voz do João Barreiros e lembrei-me que este conto resultaria bem em formato de audiobook, lido por ele. Por outro lado, e ultrapassada esta confusão, A Mina do Deus Morto traz umas ideias interessantes, abordadas superficialmente, desde partículas criadoras de vida e energia quase gratuita como um novo olhar sobre a nossa dependência de certos recursos limitados, à inteligência mecânica e exploração humana em nome da pátria (ou do que seja). Mas o melhor do conto é sem dúvida a descrição da descida dos mineiros às profundezas e o efeito das partículas do deus morto neles. É principalmente este conceito, uma novidade refrescante nestas conversas já gastas, que me deixa com vontade de ler mais do autor, coisa que de qualquer forma já vou fazer dado ter comprado o Lisboa no Ano 2000 – Uma Antologia Assombrosa Sobre uma Cidade que Nunca Existiu, livro que partilha o mesmo universo ficcional deste conto.
Os meus comentários a todos os contos da colecção estão publicados no meu blog.