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Este conto é o discurso de um homem a um agiota e seus capangas com cassetetes - entenda-se aqui a metáfora que aprouver - no momento em que este lhe tira os seus últimos bens. O homem fala da morte da mãe, da morte do pai, das chatices com a família e com a ex-família, da sua vida, frequentemente em relação a uma mesma música, que no fim se revela ser o mote para tamanha indignação e imparável discurso. Se por um lado é interessante esta forma de contar a história, com um narrador desesperado a falar sem parar na tentativa de convencer alguém insensível das suas necessidades, por outro também se torna cansativo porque o autor conta tudo o resto - o contexto, o passado pessoal do narrador e por aí fora - dentro de parêntesis. Ora parêntesis enormes no meio de um texto com frases de si enormes não gera uma boa experiência de leitura, não me faz empatizar com o homem, com a sua depressão, com a sua insónia, com o seu sofrimento, com as ridículas exigências que lhe fizeram a vida inteira, com o que quer que seja. Contada de outra forma, a ideia deste conto poderia originar uma história muito boa. Assim, não foi mau, mas foi sem dúvida abaixo do seu potencial, confuso e, dez minutos depois de acabar a leitura, pouco relevante.
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